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RS: Prefeito de Santa Maria quer rever relação com a Corsan

Um dos cinco homens de confiança do governador eleito José Ivo Sartori (PMDB), o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), ganhou espaço na equipe encarregada de fazer a transição de governo. Essa posição, somada ao fato de ter sido secretário estadual em dois governos peemedebistas (Pedro Simon e Antônio Britto), dá ao chefe do Executivo santa-mariense condições privilegiadas de ver o Estado. Em entrevista ao Jornal A Razão, ontem à tarde, Schirmer falou do processo de transição, da reforma administrativa e de questões diretamente relacionadas a Santa Maria como o futuro do Hospital Regional, em fase final de construção no Bairro Parque Pinheiro Machado; e as obras do Esgoto de Camobi e da duplicação da ERS-509 (Faixa Velha de Camobi), em ritmo lento.

A questão mais polêmica é a do Hospital Regional. O atual governo pretende assinar um contrato de gestão com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), mas, para Schirmer, essa questão deveria ser definida pelo futuro governo. As declarações mais polêmicas do prefeito de Santa Maria, no entanto, se referem à situação financeira do Estado e à Corsan. “O Rio Grande está no fundo do poço”, diz Schirmer. Ele aponta que o Estado não está na situação em que se encontra por causa do atual governador, o petista Tarso Genro, mas sim por um equívoco histórico dos governadores de não enfrentarem “as questões estruturais”. Ao longo de anos, governantes recorreram a diferentes formas para administrar as finanças públicas, entre elas as privatizações.

Quanto à Corsan, Schirmer admite até mesmo romper o contrato e municipalizar ou regionalizar o serviço de abastecimento de água e de esgoto. Ele afirma que suas declarações não são em nome da equipe de transição, tampouco em nome do futuro governo. “A Corsan não é uma questão de governo. Diz respeito a Santa Maria e eu falo como prefeito de Santa Maria. A cidade vai ter que rediscutir essa relação”. Confira a entrevista com Schirmer.

“O Rio Grande está no fundo do poço”

A Razão – Como está o processo de transição?
Schirmer – A transição tem dupla finalidade. A primeira é aprofundar o conhecimento da realidade, como vamos receber o Estado. Então, são criados grupos de trabalho e quem quiser colaborar, colabora, apresenta propostas, ideias, sugestões, informações. É um canal aberto, amplo e democrático. A outra razão é projetar os primeiros 30 dias porque o Estado não para. E dia 15 de dezembro, quando o governador deverá anunciar o secretariado, os grupos entregam tudo para os secretários.

A Razão – Há discussão de reforma na administração, redução de secretarias?
Schirmer – Isso vem sendo discutido. Será preciso moldar o Estado à visão do novo governo. Há discussões sobre fusão da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio com a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, assim como há discussão sobre a divisão da Secretaria e Infraestrutura e Logística. Mas são discussões iniciais. Não está batido o martelo. Agora é a hora de aparecer tudo.

A Razão – O novo governo vai fazer que tipo de reforma administrativa?
Schirmer – Tem duas formas de se fazer isso. Tem a forma impactante, onde se funde, se divide (órgãos e secretarias) e se transforma isso tudo num espetáculo. E há uma segunda forma, feita gradativamente e com solidez. Pelo que conheço do governador, ele vai optar pela segunda. Vai fazer (a reforma) de forma segura e sólida.

A Razão – Há pelo menos três questões importantes que dizem respeito a Santa Maria: Hospital Regional, Duplicação da ERS-509 (Faixa Velha de Camobi) e Esgoto de Camobi. Essas questões estão sendo discutidas?
Schirmer – Essas três questões são fundamentais. Sobre o Hospital Regional, por exemplo, a obra não está pronta, os equipamentos não foram comprados, e açodadamente o atual governo quer assinar o contrato (de gestão) com a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, responsável pela gestão do Hospital Universitário de Santa Maria – HUSM). Por que assinar em cima da hora um contrato com uma empresa que tem meio ano e não está nem administrando o Hospital Universitário? Quinta-feira vou tratar desse assunto. A duplicação da Faixa Velha está com atraso nas obras e o Esgoto de Camobi também tem atraso nas obras por parte da Corsan.

A Razão – O Município tem impasses históricos com a Corsan. Nos seus dois governos foram vários impasses e até ameaças de rompimento do contrato. Como fica essa relação da Corsan com Santa Maria no novo governo?
Schirmer – É um problema grave.Santa Maria representa o segundo maior faturamento e o maior lucro líquido da Corsan. São cinquenta milhões de reais por ano. Na verdade, Santa Maria sustenta a Corsan e não tem recebido a reciprocidade. Em outras cidades, onde o serviço é municipal, a tarifa é mais barata e os avanços conhecidos, o saneamento é melhor que aqui.

A Razão – O senhor está dizendo que vai romper com a Corsan?
Schirmer – Chegou a um ponto de exaustão. Vamos ter que discutir esse assunto com profundidade. A cidade tem que discutir sem preconceito e à luz exclusivamente de seus interesses. Faz muito tempo que penso isso.

A Razão – Mas não há perspectivas de mudança com o novo governo já que a Corsan terá outro comando?
Schirmer – Não acho que seja um problema de governo. Temos que abrir os dados da Corsan. A Corsan terceiriza tudo. Eu quero abrir a Corsan. A verdade é que o Rio Grande está no fundo do poço.

A Razão – Como assim?
Schirmer – O Rio Grande tem que ter uma transparência absoluta. Estamos no fundo do poço e isso não é por causa do Tarso (governador Tarso Genro, do PT). Os governos nunca enfrentaram questões estruturais.

A Razão – Inclusive o governo de Pedro Simon, do qual o senhor fez parte?
Schirmer – O Simon foi o único que enfrentou, trabalhou com superávit e não é porque eu fui secretário da Fazenda.

A Razão – Que questões estruturais são essas?
Schirmer – Aí teríamos que sentar uma tarde inteira para falar do assunto. Mas os governos, de forma geral, buscaram outras saídas. Um privatizou a CRT e a CEEE, outro aumentou impostos, outro vendeu ações, outro recorreu ao caixa único e aos depósitos judiciais. Não há mais o que vender.

Fonte e Agradecimentos pelo envio da Matéria: http://www.arazao.com.br/2014/11/schirmer-quer-rever-relacao-com-a-corsan/

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