SÃO PAULO – A presidente da Sabesp, Dilma Pena, confirmou que o programa de economia de água que dá 30% de desconto na conta daqueles que são abastecidos pelo sistema Cantareira será prolongado pelo ano todo. A ideia é preservar o manancial e garantir o abastecimento ao longo de 2014.
Hoje, o volume de água armazenada era 15,8% da capacidade total do reservatório.
O desconto só é dado para aqueles que reduzirem a partir de 20% o consumo médio mensal, em comparação ao consumo dos últimos 12 meses. Quando lançou o programa, no começo do ano, o governo do Estado havia afirmado que iria avaliar mensalmente a necessidade de prorrogação do bônus.
O programa vale somente para os usuários do sistema Cantareira, que segundo Dilma Pena, é o grande problema da Sabesp atualmente. “Não é um problema de saneamento, mas de crise hídrica. Tivemos um verão sem chuvas, isso é inédito”.
Segundo a presidente da Sabesp, desde que foi anunciado o desconto na conta de água, foram economizados 3,2 m3 de água por segundo.
De acordo com Dilma, a partir de abril o sistema Guarapiranga vai passar a atender cerca de 1 milhão de pessoas que hoje são atendidas pelo Cantareira. “Estão sendo feitas adequações que permitirão transferência de água do Guarapiranga para abastecer a região oeste”, disse Pena.
Queda de braço
Na manhã de hoje, Dilma Pena também minimizou os ataques feito pelo Consório Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que acusou a Sabesp de não reduzir sua dependência do Cantareira e de atentar contra a vida útil do sistema. Segundo ela, transferências de água de uma bacia para outra existe em “todo o mundo, sempre existiu e sempre vai existir”.
O nível cada vez mais crítico do sistema Cantareira, que abastece diretamente 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e indiretamente 5,5 milhões no interior do Estado, abriu uma guerra pela água entre a empresa estadual de saneamento e o Consórcio PCJ.
Segundo o consórcio, que congrega prefeituras, empresas e entidades de mais de 40 cidades na área de influência dos três rios, a Sabesp permaneceu retirando aproximadamente 31 metros cúbicos por segundo de água do Cantareira, “mesmo sabendo do risco para a vida útil do sistema” durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, “levando os reservatórios a níveis abaixo de 20%, considerados altamente críticos”. Para a região dos rios PCJ, são liberados do Cantareira apenas 3 m/s.
“É preciso que os órgãos de gestão de conflitos atuem fortemente para evitar esta politização em termos inadequados”, afirmou Dilma, em referencia à acusação da PCJ sobre má gestão da Sabesp dos recursos hídricos do Cantareira.
Segundo a presidente da Sabesp, “sempre houve conflito” entre a região do PCJ e a Grande São Paulo, por isso foi criada a Agência Nacional de Águas (ANA).
Fonte: Valor Economico