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Iniciativa ambiental une manauaras para a preservação dos igarapés

Apesar do esforço dos órgãos competentes, na prática, a sociedade civil tem atuado em várias frentes para retirar os resíduos sólidos dos igarapés da cidade

É diante da imensa quantidade de lixo despejada diariamente nos igarapés que cortam Manaus, e da lentidão do poder público na criação de estratégias para inibir essa prática criminosa, que membros da sociedade civil organizada vêm desenvolvendo iniciativa ambiental destinada à limpeza dos igarapés e consequentemente, a conscientização de moradores das diversas Zonas da capital amazonense.

Um desses atores é o criativo e sonhador professor aposentado da rede pública estadual, Almir Barros Carlos, que conta com orgulho a ideia que teve e que foi batizada como “Manaus Mais Saudável”, há um pouco mais de dois anos.

Segundo ele, o projeto tem como foco central fazer com que moradores do entorno de igarapés guardem materiais de grande porte como geladeiras e fogões, além dos resíduos menores para que sejam levados à reciclagem, ou seja, privilegiando o uso e o descarte correto de objetos. Conforme Almir, para cada cinco quilos de lixo coletado, aquele morador receberia um quilo de alimento não perecível.

“Eu tomei banho em todos esses igarapés que cortam e recortam a nossa Manaus e é com muita tristeza que hoje, vemos esses locais cobertos de sujeira. Eu não vou dizer que tenho a solução para isso, mas como um ser sonhador que sou, tenho um projeto no papel que pode ajudar chamado ‘Manaus Mais Saudável’”, conta ele.

“Como os alunos de faculdades precisam de atividades complementares, essa meninada iria catalogar as áreas de igarapés e todos esses moradores. Eles seriam cadastrados no projeto e palestras de conscientização seriam promovidas para essas pessoas. Materiais como geladeira e fogão, esse morador seguraria e receberia na hora de recolher aquele lixo, um quilo de alimento não perecível”, explica.

Projetos

Conforme ele, os alimentos seriam arrecadados através de projeto de lei, em que qualquer atividade cultural acrescentasse um quilo de alimento não perecível. Barros, conta que teve a oportunidade de mostrar seu projeto a um parlamentar, durante as últimas eleições, mas como o político tinha a intenção de usar a proposta para “politicagem” a parceria não foi para frente.  “Qualquer pessoa que se interessar, pode falar comigo ou até mesmo reproduzir o que penso, só não aceito as pessoas utilizarem isso para benefício próprio”, disse, destacando que o projeto é econômico aos cofres públicos.

Na prática, a sociedade civil tem atuado em várias frentes para retirar os resíduos sólidos dos igarapés de Manaus.  O ‘Remada Ambiental’ e o ‘Igarapés Limpos’ são exemplos de projetos que contabilizam em toneladas o lixo retirado dos mananciais que cercam a cidade.

Atuando apenas no Tarumã-Açu, na Zona Oeste de Manaus, mais precisamente onde deságua a Foz do Gigante, o Remana Ambiental já retirou em três anos de projeto mais de 35 toneladas de resíduos. “É impossível dizer que em uma ação coletamos apenas uma tonelada, muito pelo contrário, é muito resíduo”, afirma o idealizador do projeto, Jadson Maciel, 35, que é proprietário de um flutuante localizado próximo a Marina do Davi, na Ponta Negra, Zona Oeste da capital.

Igarapés Limpos

“Foi nessas aulas de stand up paddle que a gente identificou essa problemática. Houve um dia que eu e minha irmã, comentamos um com o outro que a gente não poderia ficar parado com o problema bem na nossa frente, foi daí que mobilizamos várias pessoas”, explicou.

O projeto acontece em três etapas. Uma equipe é distribuída pela Marina do Davi. A segunda equipe fica na Foz do Gigante com instrumentos como sup, caiaques e botes, e a terceira parte fica na Associação dos Transportes Fluviais da Marina do Davi, atuando com educação ambiental.

Conforme Jadson Maciel, o projeto acontece mensalmente naquela localidade. Ele afirma que a ideia é fazer com que a Foz do Gigante, seja um igarapé totalmente recuperado, mas para isso é necessário atitude e conscientização. “O nosso objetivo é mandar a mensagem. A gente quer que o manauara entenda que não é por que a gente está rodeado de água que somos o ‘bam bam bam’ ou ‘rei da cocada preta’, então a gente tem que pensar em preservar”, destacou.

Idealizado em 2018, o projeto Igarapés Limpos, que começou no entorno do Paço da Liberdade, no Centro Histórico de Manaus,  já realizou dez ações em diversas localidades e estimam que aproximadamente de cinco a oito toneladas de resíduos tenham sido retiradas de igarapés da cidade.

Segundo um dos coordenadores, o acadêmico de Engenharia Civil, Sidney Fernandes, o incômodo surgiu devido a quantidade de lixo na área da capitania dos portos.

Ele conta, ainda, que com o passar das ações de retirada, iniciaram também a conscientização com oficinas. Em julho mais de 1,13 toneladas de resíduos foram recolhidas, no Igarapé Mindu.

Fonte: A critica. 

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