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Método de “fazer chover” não tem comprovação científica, afirmam especialistas

O verão quente e seco de São Paulo causou preocupações com o abastecimento de água do Estado. Os principais reservatórios, entre eles o Sistema Cantareira, que abastece boa parte da capital, estão com o mais baixo índice de reserva da história: 19,6%. As próximas chuvas intensas na região estão previstas para acontecer apenas em março.

Para tentar amenizar o problema, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) decidiu investir 4,47 milhões de reais na semeadura de nuvens, técnica utilizada com objetivo de induzir chuvas artificiais, no Sistema Cantareira. A empresa ModClima foi contratada para o serviço, mas, após cinco tentativas, foram registradas apenas duas precipitações — insuficientes para elevar o nível dos reservatórios.

Falta de evidências — O uso do bombardeio de nuvens para provocar chuvas está longe de ser uma solução ideal para o problema. De acordo com os especialistas ouvidos pelo site de VEJA, trata-se de uma técnica controversa na comunidade científica, porque sua eficácia não foi atestada. “A nucleação artificial [o bombardeio ou semeadura das nuvens] é objeto de discussão e estudo. Pesquisas ainda não compravam sua eficácia“, afirma Raul Teixeira, pesquisador do núcleo de meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

O processo consiste em pulverizar água nas nuvens com uso de um avião, para incentivar a produção da chuva. As nuvens são monitoradas com um radar, e aquelas que já apresentam propensão à chuva são os alvos escolhidos — um dos fatores que torna difícil avaliar se a técnica realmente ajuda, ou se a chuva que se segue é um processo natural.

Uma tempestade considerada modesta em São Paulo produz cerca de 800 milhões de litros de água, sem nenhum auxílio. Uma nuvem pequena, individual, não alivia muito os reservatórios. Seria preciso mudar a condição de alta pressão atmosférica em que nos encontramos“, afirma Augusto Filho, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. Ele explica que nuvens maiores, capazes de provocar chuvas mais intensas, não podem ser escolhidas para receber a pulverização porque são perigosas para serem sobrevoadas.

Um avião com 5 ou 6 metros é muito pequeno dentro de uma nuvem de 10 quilômetros. A área borrifada é ínfima”, afirma Filho. “Se a gente soubesse o momento exato de pulverizar água, seriam necessárias muitas aeronaves para cobrir uma área maior e provocar algum efeito.

Segundo o pesquisador, a escassez de chuva está sendo causada por um sistema de alta pressão, que faz com que o ar seja comprimido e afunde, se aquecendo. Além disso, o ar seco é mais pesado, e inibe a formação de nuvens. “Essas anomalias acontecem a cada dez ou quinze anos. A última foi em 1998. Agora que essa situação já perdura cerca de três semanas, a tendência é enfraquecer.

Fonte: Veja
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