Em nosso “capitalismo de laços”, para usar a expressão de Sérgio Lazzarini, o BNDES possui um papel central. É o principal instrumento de elo entre o estado e as grandes empresas, transferindo renda da classe média para os mais ricos. Representa o “doping” desse “capitalismo de estado”, que vai contra a economia de livre mercado pregada pelos liberais.
Pois bem: os desembolsos aumentaram 22% em 2013, chegando a R$ 190 bilhões! Desta montanha de recursos, mais de 60% foram destinados a empresas de grande porte. Trata-se da seleção dos “campeões nacionais”, empresas que poderiam facilmente obter financiamento no mercado de capitais, mas recebem subsídios do governo por meio do BNDES.
Entre os escolhidos, tivemos o Grupo X, de Eike Batista, agora em dificuldade financeira, ou a JBS, que recebeu bilhões em poucos anos, mudando de patamar, mas sem apresentar bons retornos financeiros com isso.
Luciano Coutinho, o presidente do banco, vem desde a década de 1980 defendendo este modelo. Na época, já atuava no governo para “impulsionar” os players domésticos, naquela ocasião no setor de informática. Quem lembra do projeto Cobra? Pois é. Há quem nunca aprenda com os erros…
O principal efeito negativo desta hiperdimensão do BNDES é o “crowding out” no mercado de capitais. O governo acaba impedindo o desenvolvimento de um mercado mais sólido como fonte de financiamento da iniciativa privada, como deveria ser no capitalismo.
Além disso, as empresas disputam os subsídios, preferindo “investir” em lobby político em vez de produtividade. As taxas que o BNDES oferece são de “pai para filho”, só que pagas do nosso bolso, já que o “papai” governo não produz riqueza, apenas retira de quem produz.
Um empréstimo de R$ 10 bilhões, como o Grupo X chegou a levantar ao longo do tempo, pode representar uma transferência de até R$ 1 bilhão por ano só pelo diferencial de taxa de juros praticada pelo banco e pelo mercado.
Por fim, o BNDES se transformou no mecanismo de malabarismo contábil do governo petista, que emite dívida pelo Tesouro e repassa ao banco, sem aumentar, assim, o endividamento público líquido do consolidado. Malandragem que não engana mais ninguém, mas que, pelo visto, o PT continua adotando.
O BNDES, hoje, talvez seja o melhor símbolo deste modelo fracassado nacional-desenvolvimentista do PT. É hora de dar um basta!
Rodrigo Constantino