Na quarta (10), o Datafolha divulgou a segunda queda seguida nas intenções de voto no candidato à reeleição para o governo de São Paulo, Geraldo Alckmin. Segundo a pesquisa, 49% dos eleitores escolheriam o atual governador nas urnas –suficiente para reelegê-lo no primeiro turno. Em agosto ele registrava 55%. No começo de setembro, 53%.
No mesmo dia, a Sabesp informava que o sistema Cantareira —pivô da crise de abastecimento de água que atinge parte do Estado desde o fim de 2013— chegou a 9,8% da capacidade, pior marca desde que se passou a captar o “volume morto”.
Responsável por um extenso plano de expansão do metrô, cuja meta não será cumprida na totalidade, em seu atual mandato Alckmin teve que lidar com críticas ao recrudescimento do ímpeto tanto de policiais quanto de manifestantes e altas nos índices de violência, como roubos.
Alckmin assumiu o governo de SP pela primeira vez em 2001, após a morte de Mário Covas, de quem era vice. Foi reeleito em 2002, mandato ao qual renunciou antes de concluir para concorrer à presidência em 2006. Em 2010, voltou ao Palácio dos Bandeirantes no primeiro turno (50,63% dos votos válidos).
O governador em exercício encerra a série de entrevistas que a sãopaulo realizou com todos os candidatos ao governo paulista. As respostas a seguir foram enviadas por e-mail.
Com qual bairro ou cidade paulista o senhor se identifica? Geraldo Alckmin – Pinda [Pindamonhangaba], minha cidade natal, e todos os outros lugares que revelam o espírito de trabalho e de superação do povo de São Paulo.
O que mais o agrada no Estado? O seu povo: generoso, honesto e humilde.
E o que mais o irrita? Desigualdade, injustiça e privilégios. O Estado de São Paulo é terra de oportunidades porque abre caminho a todos.
Por que quer se reeleger? Para manter São Paulo no rumo certo. As mudanças que vêm sendo feitas são consistentes, e não fruto do improviso ou de surpresa.
Os protestos de junho mudaram a sua forma de ver a política? Reafirmaram princípios que me conduziram à vida pública. Já havíamos decidido, antes de junho, que não daríamos um centavo para estádios. E não demos. Havíamos decidido fazer o maior investimento em mobilidade urbana da história –temos hoje o maior plano de expansão. Os protestos ensinaram que o brasileiro não confunde reivindicação com violência.
É a favor do uso de bala de borracha contra manifestantes? A Constituição e nossas convicções proíbem o emprego de violência contra manifestações pacíficas e democráticas e nos obrigam a combater o vandalismo, preservar o direito de ir e vir dos cidadãos e manter serviços essenciais. Os dois princípios devem ser perseguidos com obstinação e bom senso.
A polícia deve reprimir os “black blocs” ou deixá-los protestar do jeito deles? A polícia pode e deve reprimir vandalismo ou atos que violem o direito de ir e vir ou interrompam serviços essenciais. Sancionei a lei que proíbe o anonimato em manifestações. A democracia deve ser exercida com responsabilidade, e não há responsabilidade no anonimato.
Como pretende combater o PCC nos próximos quatro anos? Com inteligência, tecnologia e sufocando o financiamento. Buscamos integrar ações da polícia às de outros poderes e esferas.
Como se prepara para enfrentar uma eventual continuidade da crise de água? Planejamento, investimento e estímulo ao uso racional. Estamos garantindo o abastecimento mesmo sob a maior seca dos últimos 84 anos. A população tem feito a sua parte: em agosto, 76% dos clientes da Sabesp na Grande São Paulo conseguiram diminuir seu consumo.
O metrô é a única salvação para o trânsito em São Paulo? Quantos quilômetros pretende construir? São Paulo tem 101 km em obras e três tatuzões perfurando o subsolo. São oito obras em execução simultânea, além de 52 km de corredores de ônibus. O metrô vai sair da capital: para o ABC e Guarulhos.
O senhor acha a qualidade da água boa? Bebe água da torneira? Bebo. A qualidade da água da Sabesp é pura, reconhecida e testada pela vigilância sanitária periodicamente.
A tarifa do transporte pode ser zero? O transporte tem que ser mais rápido, confortável e barato. Além de expandir e integrar, fizemos a integração tarifária entre os ônibus da EMTU e os trilhos do Metrô e da CPTM. Isso representa uma economia de R$ 2,70 todos os dias.
Qual é o seu principal projeto para a rede pública de saúde se reeleito? Construir dez novos hospitais e transformar os Ames (Ambulatórios Médicos de Especialidades), em hospitais-dia, com cirurgias de média complexidade. Expandir a presença da rede Hebe Camargo de combate ao câncer, de 73 para cem unidades. E diminuir o tempo de espera.
Utiliza algum serviço público? Estudei em escola pública e, quando preciso, sou atendido por hospitais públicos.
Quem foi o melhor governador de São Paulo? Vários. Eu citaria dois: Mário Covas (1995-2001) e José Serra (2007-2010).
E o pior? Meu pai recomendava: “Filho, lembre-se de Santo Antônio de Pádua. Quando não puder falar bem, não diga nada”.
Em que político o senhor se inspira? Mário Covas, exemplo de homem público. Tinha a objetividade do engenheiro politécnico e grande sensibilidade social.
Se reeleito, qual será a marca do seu próximo governo? Melhoria constante da qualidade de vida dos paulistas.
O que não faltará no seu gabinete nos próximos quatro anos? Trabalho e humildade.