saneamento basico

Wandenkolk e a “privatização da Cosanpa em Marabá”. Ele não ficou bem na foto.

Algumas vezes ótimas pessoas se juntam à causas ruins. A imagem ao lado, mostrando o deputado federal Wandenkolk Gonçalves (PSDB) apoiando o que seria uma “manifestação popular” ocorrida hoje (16), contra a “privatização” da Cosanpa em Marabá, é um exemplo disso. Tenho por Wandenkolk, além do respeito ao grande parlamentar que é, enorme afeição, mas, é impossível aceitar que alguém com a inteligência acima da média participe de um movimento que tem todas as características de um aproveitamento eleitoreiro em relação a um problema que atinge a milhares de marabaenses.
Explico.
A Cosanpa veio para Marabá nos anos 70. Quase quatro décadas depois, esta empresa foi capaz de oferecer água encanada apenas para 40% das residências da cidade. É isso mesmo! Quarenta anos se passaram e apenas 4 em cada 10 casas de Marabá recebem água tratada!.
A Cosanpa, nessas 4 décadas, não construiu um metro sequer de esgoto sanitário. De novo, é de causar espanto! Mas, é isso mesmo. 0% de esgoto!
Por outro lado, a Cosanpa arrecada cerca de 5 milhões de reais por ano em Marabá. Mas, lá vem outro absurdo: paga 3,5 milhões de reais em salários e benefícios para seus funcionários ativos e inativos. Como a empresa tem custos elevados de manutenção na caótica rede de água que administra, não sobra nada para investimentos.
Pior. A Cosanpa, em Marabá, opera no vermelho e todos os anos amarga um déficit sobre outro.
Desde 2010, por conta de investimentos federais, estão sendo feitas obras de expansão da rede de água e construção da rede esgoto. Com isso, 6% das casas terão coleta de esgoto.
Apesar de tímido, este investimento até que seria uma boa notícia se a própria Cosanpa não tenha feito a previsão que conseguirá ter um ano no “azul” apenas em 2042! E esse superávit será por apenas dois anos. Em seguida, voltará o ciclo de prejuízos.
Esses números – todos conhecidos pela Cosanpa – apontam para um sistema inoperável e que impede o acesso de quase 200 mil marabaenses à água e esgoto.
É por isso que discute-se um novo modelo de gestão para esses serviços em Marabá. Não se trata de uma escolha ideológica. Trata-se de resgatar uma dívida histórica que os poderes públicos têm com todos os marabaenses.
É possível discutir preço, prazos para investimentos e até mesmo quem vai gerir o sistema, mas é puro oportunismo tentar vender à população que estamos diante de um processo de “privatização da Cosanpa”.
Que setores atrasados do esquerdismo militante e míope acreditam nessa balela e tentem fazer com que outros passem a acreditar também nenhum problema. É da natureza da vanguarda do atraso esse tipo de ação.
Mas, é realmente assustador que um político experiente, tarimbado, gestor público de sucesso como Wandenkolk Gonçalves deixe sua imagem ser associada a manifestações tortas.
Quero crer que Wandenkolk foi até os “manifestantes” para ouvi-los. Espero realmente que sua presença no tal “ato” não reflita adesão a uma proposta conservadora, corporativa e que, em última análise, penaliza duramente a população de Marabá, na medida em que priva todos nós de ter acesso à água encanada e tratada e a saneamento básico, serviços essenciais para garantir qualidade de vida e saúde para todos.
Definitivamente, desta vez, apesar de simpático, Wandenkolk não ficou bem na foto.

FONTE: http://wilsonrebelo17.blogspot.com.br/2014/09/wandenkolk-e-privatizacao-da-cosanpa-em.html

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